24 fevereiro, 2014

um pouco do machismo milenar da língua japonesa


todos sabemos que o Japão é um país único. estou no meu segundo ano de aprendizado desta língua maravilhosa (o meu querido nihongo, com o qual compartilho uma paixão virtual). e hoje vim trazer uma curiosidade para todos os interesssados em japão/linguas/machismo/história: é muito legal, mesmo.

aprender japonês não é aprender uma língua, é aprender uma cultura. e não só japonês, afinal, a língua, no significado amplo da coisa, é um espelho da história, das tradições e costumes. o fascinante do japonês é que ele ainda carrega muito sua história. é tão maravilhoso que em algumas aulas de japonês o que eu mais quero é arranjar uma almofada, uma mamadeira com nescau, sentar no chão, cuja sujeira eu nem ligaria, e ouvir a minha professora falar mais, e cada vez mais, até dar aquele zzz, eu cair no sono e acordar na minha cama, cobertinho.

então, vamos lá:

o Japão é um lugar tradicionalista, fortemente influenciado pelos "bons costumes e educação". como eu sei que vocês são leitores inteligentes, então vocês sabem muito bem que "educação" não é sinônimo de "bons costumes", e são misused em uma frequência diária: como o fato de 'cavalheirismo' ser sinônimo de 'machismo', e muitos ainda não saberem disso, e ainda chamarem de 'educação'.

este kanji significa "proprietário":
este significa "pessoa":
este significa "fundo"/"dentro":


muito que bem, agora abaixo está a escrita de MARIDO, em japonês:

主人 (しゅじん) = shujin

em tradução livre, "pessoa que é proprietário". agora, perguntemos: proprietário de quê?

elementar, meus caros 2 leitores, de uma mulher. afinal, a pergunta que fazemos não é "quem é seu marido?"? então, a tradução para o japonês fica "quem é seu proprietário?". (não sei como fica nas relações homoafetivas). absurdo, né?

agora vamos para ESPOSA em japonês:

奥さん (おくさん) = oku-san


'oku' é a leitura do kanji (terceira imagem), e 'san' é aquele 'san' que todos nós conhecemos: forma de tratamento. tipo, eu sou o Pedro-san, vc é (*) leitor(*)-san. ou seja, em tradução livre, esposa é "a do fundinho", "a tia que fica atrás", a Okuzinha.

em suma, marido é "o proprietário da mulher" e a mulher é a "que fica atrás".

há um outro termo para "esposa", mas só pode ser usado pelo marido (e não por outros). é este:

家内 (かない) = kanai

primeiro kanji: casa
segundo kanji: dentro

tradução livre: dentro de casa

foda, né? sim. fiquei indignado.

minha professora falou que isto está mudando, aos poucos, mas está. ela falou que muitos jovens já usam termos novos e igualitários para designar "marido" e "esposa".

para os interessados: つま e おっと

entretanto, isso acaba ficando só entre o casal em si, entre os amigos, para os filhos. a língua, mesmo com essa alteração, continua muito tradicionalista.

vamos a um exemplo: se a esposa conhece o patrão do marido, ela não pode usar este termo igualitário em relação ao marido, ela tem que usar "meu dono", senão ela estará sendo profundamente mal-educada. por mais feminista que a mulher seja, tratar o chefe do marido assim é uma estupidez enorme, coloca o marido em uma posição péssima, subalterna. e com certeza o casal vai brigar depois da visita do chefe, pois a esposa foi desrespeitosa com a profissão do marido.

espero que tenham gostado e tomem muito líquido.


minha amiga linda e fofa me mandou isso: "Mostrei pra minha professora de sociologia, foi um dos temas abordados na aula de hoje" OLHA QUE LINDA <3


17 fevereiro, 2014

agora a moda não é ser viciado mas sim querer sair do vício. com vocês no estúdio!


fui agraciado com uma publicação de um flop do meu colégio falando que estava parando com o cigarro. foi daí que eu rebobinei a minha fitinha de interações com ele e outras pessoas do mundo universitário e comecei a notar alguns padrões: eles começam a fumar no colégio, e a beber, então, 2 anos depois, eles estão viciados morrendo precisando parar. (tudo em prol da coolness)



ok, vamos desenvolver: jovem de classe média-alta, já começou com a estupidez de fumar (por nenhuma razão aparente) com certeza para fazer pose (afinal, diga-me quem de vida boa começa com cigarro por alguma outra intenção). o sujeito fez pose fumante-do-ensino-médio com sucesso, teve seu ego afagado com leite e pêra. só que agora ele faz faculdade, e a pose não é mais de "olha galera eu fumo" porque é comunzinha demais. agora o mene novo é "olha galera já fumei demais estou morrendo preciso parar".

acho que a vida é puramente uma grande pose, um grande teatro dirigido por um inca eunuco morando em osasco. a graça agora para se passar por maduro é falar que está parando com a maconha, com o tabaco, com o álcool, porque é assim que você vai ser maduro. (em plenos 20 aninhos de coxisse)

obviamente não considero maduro quem prossegue com os vícios. só quero chamar atenção para a estupidez dos jovens que é excessiva demais.

para mim o que vale é a filosofia Sheherazade: jovem bom é jovem morto. adote um jovem.