03 abril, 2014

misandria do beijinho


- sim, mais um post com a palavra machismo. todo o conteúdo aqui é construído sobre o Brasil. sei que há n regiões no mundo, e cada uma tem sua forma diferente de dar ois.

dicí:
1. dicí = glossário
2. misandria é o oposto de misoginia.
3. misoginia é o desprezo pelo sexo feminino (acho que o texto vai se aplicar melhor ao gênero).

olha que coisa fofa, tem até abracinho

o raciocínio gira em torno do ato do cumprimento: o senso comum diz que numa interação informal os homens devem cumprimentar os outros homens com as mãos, e dar beijinho na bochecha nas mulheres (no oi e tchau). quando paramos para pensar, vem aquele usual: nossa, por quê?

> é um fato que toda e qualquer¹ resposta a esta pergunta que tente sustentar o ato será, inevitavelmente, machista.

nós ainda temos um resquício muito forte do machismo na nossa educação (como crescimento e também como senso de respeito). assim, cumprimentar uma mulher com a mão pode, e vai, soar rude e mal-educado numa interação informal, ao mesmo passo que dar beijinho na bochecha de outro homem vai te envergonhar.

entretanto, entre uma roda de gays, beijo como cumprimento é algo muito comum, quase que lei. por quê?

1) será que se sentem "como mulheres"? (por favor, não. simplesmente:: não)
2) será que os gays estão já sendo perversos como sempre são e foram? (god please)
3) será que deixaram de diferenciar gays de mulheres na hora de cumprimentar?

não é nada necessário exaurir as possibilidades. o 3 resume tudo. vamos lá:

querendo ou não querendo, estar imerso em uma minoria te força o aprendizado do questionar
"por que me 'xingam' de bixa?"
"por que me chamam de gordo como se fosse algo negativo?"
e quando esta minoria cresce, ela começa a pensar nas outras minorias, e nas injustiças de todos. tá, mas o que que tem a ver com o beijinho?

sabemos que o feminismo fecha os olhos para o sexo e gênero, procura tratar cada qual como pessoa, e não um portador de órgão genital. portanto, seria este tal instinto de "minoria injustiçada" que fez os gays tratarem os outros gays como iguais? feministas por acidente?

aí caímos no "tá, se os gays são tão igualitários, tão justos, por que não dão beijinho em héteros?"
é aí que a coisa fica interessante: tenho vários amigos héteros homem-cis, amigos que são do tipo que chamo de realmente héteros: conversam de sexualidade abertamente, não têm barreiras para falar de homem, não têm medo e não fogem dos assuntos das sexualidades. estes amigos eu cumprimento com beijinho, também. não vejo incômodo por parte deles, tenho abertura para tal.

você daria beijinho? eu daria.

então, começo a pensar: ou todos começamos a beijar todos, ou apenas cumprimentamos com a mão, e nada de beijo. igual pra igual, tudo ou nada, red label ou ice.

um passinho para a igualdade dos gêneros está neste pequeno ato cotidiano do "oi" e "tchau". numa utopia, toda pessoa cumprimenta a outra pessoa de acordo com a sua intimidade com ela, e não de acordo com o que ela tem entre as pernas.

não estou dizendo que quem não cumprimenta os outros de forma igual está sendo machista (mas, infelizmente, sim, está!²) estou dizendo que no meu mundo perfeito essa distinção não existe.


> estupidez: já pensou uma pulseirinha tipo anel de castidade, daí só usa quem não tem vergonha em beijar nenhum gênero, e, também, é claro, quem escolheu esperar.

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¹ adoro o fato de que a computação tenha me ensinado que "todo e qualquer" é um pleonasmo, daqueles que poucos notam.


² uma adaptação: "sim, estou!". por mais feminista que eu venha me achar, eu ainda sou uma pessoa que tenta ser sociável, e a sociedade não está preparada para eu sair beijando todo mundo e tendo que explicar o porquê)




2 comentários :

Pedro Abreu disse...

¹por outro lado a computação também ensina que nem toda redundacia é ruim :)

Unknown disse...

hmm essa eu não saquei /hm

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